segunda-feira, 22 de outubro de 2012

10.000 quilômetros subterrâneos

Marco Antônio não anda mais de metrô. Você poderia pensar que é mais uma dessas desculpas fúteis ou infantis, como “o metrô vive cheio” ou “tenho muita classe para estar num lugar como esse”, onde realmente encontramos diversas criaturas bizarras, que tenho quase certeza que foram afetadas pela radiação, com formas estranhas e aromas, como posso dizer, exóticos.
O verdadeiro motivo pelo qual o nosso herói não anda mais de metro é que, ele sofreu um trauma. Ele partiu como em qualquer outro dia para a faculdade, com o habitual acompanhante, o sono. Ele tinha medo de encostar nas paredes ou no banco para descansar a vista, com medo de dormir e passar do seu ponto.
Foi o que aconteceu, a insônia dos dias passados já não existia mais, e ele foi tomado pelos braços de Morfeu. O que veio depois foi épico.
Ocorreu que ele dormiu até o metrô chegar ao final da linha, mas ao invés de algum passageiro ou funcionário acordá-lo, o esqueceram lá e ele continuou dormindo no trem, viajando pelos trilhos. E esse ciclo se repetiu por dezessete vezes.
Quando parecia mais que Marco Antônio tinha entrado em coma do que tirando um cochilo, ele despertou. E o mais impressionante é que ele acordou no momento em que o metrô parou na estação onde ele havia embarcado as cinco e meia da manhã. Ele teve um surto, e na estação seguinte, desceu, e começou a berrar no meio da rua que ele havia sido abduzido por ETs e que eles o tinham feito avançar no tempo. 
Logo apareceram as televisões, que mostraram a sua história em rede nacional. Foi o assunto da semana. Mas o mistério acabou quando, ao verificarem as câmeras do metrô, descobriram a verdadeira história.
Ele largou a faculdade, e hoje ele ganha vida contando a sua história em programas da tarde.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Essa tal de sustentabilidade


Eu realmente não entendo essa sociedade. Agora é tudo ecologicamente correto isso, tem que reciclar aquilo, e não acabam as campanhas de coleta seletiva no bairro. Eu não aguento mais. Não se tem mais paz nesse país.
Tem um grupo de jovens, por sinal muito mal encarados, que vivem espalhando cartazes, com escritos como “salvem as matas” ou “recicle, não destrua”, e fazendo protestos na frente da minha casa, gritando para não sermos consumistas ou coisa do tipo. Não presto muita atenção.
Outro dia mesmo eu fui jogar fora o meu terceiro laptop quebrado daquela semana, coisa de rotina, e um rapaz muito intrometido me pediu para dar a ele, para que ele desmontasse e utilizasse as peças na lojinha dele. E o que eu tenho haver com isso? Ele que vá no lixão e pegue as peças.
E no jornal não se fala em outra coisa, é aquele tal de Rio +20, é o Greenpeace, implorando para poupar energia e salvar as baleias. Eu adoro eletrodoméstico e carne de baleia, mas ninguém pensa por esse lado, que as baleias existem desde a pré – história, acho que elas já viveram bastante, não ?
Sabe, eu sou dono de uma enorme mineradora e de uma empresa de geração de energia, e é impossível trabalhar com esses pedidos que ficam me fazendo, como instalar painéis solares ou parar de desmatar. Se eu quisesse dar dinheiro às indústrias de painéis solares, só para constar minha concorrente, eu doava, mas eu tenho que me preocupar comigo. Eu tenho que pagar três pensões, mulher é outro negócio complicado, e ainda pagar a manutenção e a gasolina da minha Lamborghini. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Bom Dia

Abre o elevador, é o meu andar. Enxugando os olhos e bocejando, que comece mais um dia de trabalho. Sigo pelo corredor, são 6 da manhã e já vejo pessoas desesperadas, correndo, derrubando papéis. Pego meu cafezinho, dou meu bom dia a Neide, a faxineira, uma mulher simples, mas de enorme coração e muito bom humor, que logo me enche de abraços e beijos.
Distribuo mais cumprimentos, até chegar ao balcão da recepcionista, Renata, um mulherão, muito bem maquiada, mas burra feito uma porta. Chego ao meu escritório, me ponho a fazer cálculos e finanças, e vou seguinte até o fim do expediente. Essa é a minha rotina de trabalho.
Passa – se uma semana, subo pelo elevador, e logo que a porta abre, acho que vim parar em uma terra pós - apocalíptica, pessoas correndo e gritando, mesas viradas, uma loucura. Dei meu bom dia a Neide, e perguntei a alguém que passava o que estava acontecendo. Ele me respondeu com uma voz colérica:
- A Renata, ela...ficou presa no trânsito... e não vai conseguir chegar hoje !!!
Dito isso, primeiro fiquei me sentindo uma enorme mula, mas respirando fundo e contando até dez, consegui chegar a minha sala sem bater em ninguém.
Passado mais uma semana, subo pelo elevador, tudo parece normal, sigo pelo corredor, pego meu cafezinho, mas não encontro Neide para dar meu bom dia. Perguntei a muitos se sabiam dela, e todos diziam a mesma resposta:
- Ela não veio? Nem reparei.
Pois é, passou um dia, uma semana, um mês e todos continuavam com a mesma resposta. Logo apareceu uma menina nova para a limpeza. E todos continuavam com a mesma resposta.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Érebo

Tudo meio embaçado e uma leve dor de cabeça, quando enfim consigo deslocar as pálpebras. Saio do meu estado de quase morte e me encontro envolto pelos braços da escuridão, trajando a capa da noite, com uma fivela de Lua. Não sei o que faço, se fico exposto aos terríveis seres que habitam naquela terra de ninguém, ou se devo me levantar para alcançar a salvação, correndo o risco de ser pego por algo que nem mesmo posso ver.
Nessa briga mental entre o que fazer, permaneço, buscando uma única gota de visão, quando começo a receber tapas do vento, que parecem dilacerar meus membros. O ranger de dentes que ouço não sei se são meus e sinto correntes se arrastando pelo meu encéfalo, ecoando os mais diferentes flagelos.
Sei a solução, como sair daquela amargura, mas não sei o que pode acontecer se deixar os trapos de cetim em que me encontro para alcançar. Um vulto passa, os pelos arrepiam puxando a pele, tremores e suores são as únicas coisas que posso fazer, além de observar freneticamente as formas que se criam nas estalagmites do recinto.
Posso contar os meus próprios batimentos, decido me levantar para por um fim ao flagelo. Tateio pelas paredes, procurando, rastreando, e mil coisas me vêm à mente. Palhaços nostálgicos com sorrisos assassinos, seres obscuros por um capuz com a face do desespero.
Espera. Consegui, alcancei o interruptor.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Desventuras de um Marcionilo


Descendo a rua no seu Chevette 87, Marcionilo acompanhado de sua esposa tinham que tratar de um importante assunto, precisavam arranjar um nova cama. Não que a antiga estivesse em petição de miséria, mas ela já estava toda velha e meio desgastada.
Pararam em frente à loja. Marcionilo meio desequilibrado desceu do carro e esperou a mulher para entrar no estabelecimento. Passando pela porta automática, foram logo recebidos por um dos vendedores, com um sorriso de orelha a orelha e um tom bem hospitaleiro:
- Bem vindos meus queridos, temos os mais diferentes tipos de camas e colchões, e estou disposto a ajudar vocês a encontrar o produto ideal.
Depois de dizerem o produto desejado, o vendedor os guiou até onde ficavam as camas. Ele mostrou diversos tipos, mas nenhum agradava o nosso herói da caatinga. Até que o vendedor, com a paciência já esgotada, perguntou a Marcionilo:
- O senhor não gostaria de comprar então uma cama – box.
E com toda sua genialidade, respondeu depois de um tempo:
- Não, obrigado. O meu banheiro é pequeno.
(Baseado em fatos reais)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Anúncio Inteligente


Os publicitários são profissionais geniais, e põem a prova disso nesse anúncio, onde eles popularizam a sua profissão e parabenizam os profissionais da área, de forma inteligente e muito bem feita.

domingo, 27 de maio de 2012

Os verdadeiros milagres


Ninguém sabe de onde vem do céu, da fumaça, da pura esperança, ninguém sabe, mas eles existem, independentemente da sua religião, e continuam acontecendo até hoje, muitas vezes do nosso lado. Mas os maiores milagres são aqueles que são feitos não por um Deus ou alguma força misteriosa, mas sim por nós, humanos, pois são nesses milagres que vemos como somos privilegiados e reclamamos demais.
Um milagre é um menino, entre 12 e 14 anos, vir pedir um trocado para ajudar a mãe que está doente e que foi despejada da própria residência, pois gastou o dinheiro no tratamento da doença, e que teve de pedir ao seu próprio filho que mendigasse nos metrôs da grande São Paulo, e mesmo quando você não lhe dá nada, o garoto ainda pede a sua benção.
Um milagre é um vendedor, que comercializa comida em um carrinho de supermercado, em frente a um ponto de ônibus, jogado na própria sorte, e que é honesto para devolver o seu troco quando você sai com pressa, sem mesmo olhar a quantia.
Um milagre é uma mãe de rua, que vive embaixo de uma ponte, e que se alimenta da fé para dar comida aos seus filhos, e que mesmo enfrentando o frio da fria São Paulo, ensina aos filhos caráter e os modos que um cidadão deve ter.
Um milagre é um vendedor de camisetas, que enfrenta chuva e a rejeição dos outros, e quando está a ponto de desistir, se lembra de que tem uma mulher e três filhos o esperando em casa, e apenas com essa simples memória, se levanta e recomeça sua jornada.
Estamos todos rodeados de milagres, das mais diferentes magnitudes, e ainda temos a cara de pau de dizer que somos pobres, que sofremos, que estamos na pior, e pensamos  isso lendo este texto nos nossos computadores, debaixo de uma casa quente e confortável, um pouco antes da hora do jantar, sem ao menos lembrar que muitos hoje nem tomaram o seu café da manhã.
Pensem nisso.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Música no Scribere

Alagados

Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados na vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados na vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Mas a arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé

Os Paralamas do Sucesso


Esse grande sucesso da Década de 80, é uma música ótima e que trata da enorme desigualdade existente no Brasil naquela época, e que se alastra até os dias de hoje, tomando como centro os alagamentos que todo ano tomam conta do nosso país, e mesmo assim, os políticos continuam sem levantar um dedo para resolver as coisas.
A música também cita as dificuldades vividas pelos brasileiros pobres, que enfrentam diversos problemas e lutam pelo pão de cada dia.

A terra em perigo


Queimadas, secas, enchentes, furacões, a Terra atualmente sofre com os mais diferentes tipos de desastres naturais, causado pelo aumento de temperatura. Mas afinal, o que causa esse aumento de temperatura? É o efeito estufa.
O efeito estufa é um fenômeno causado pelo acumulo de CO2 na atmosfera, que se iniciou na Revolução Industrial, onde o calor fica impedido de sair da Terra, e fazendo com que ele fique instalado na superfície, levando a inúmeras transformações químicas e biológicas. É como se a Terra estivesse envolta por um enorme cobertor, e que cada dia fica mais espesso.
Essa estufa criada envolta de Terra, causa o aumento da temperatura, levando a consequências muito sérias como: derretimento das geleiras, elevação do nível do mar, extinção de espécies animais e vegetais, surgimento de pragas e novas doenças, entre muitos outros. E enquanto tudo isso acontece, o ser humano continua apegado a técnicas rudimentares que agridem o meio ambiente, com desmatamento e queimadas e o uso de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão.
Hoje, já é possível ver algumas manifestações desse aumento drástico na temperatura, como no Brasil, com enchentes constantes em todo o território, e o aumento do período da seca no sertão nordestino. E não é só no presente que os problemas estão, pois hoje já se consegue prever alguns desastres que vem por aí, como por exemplo, o desaparecimento da ilha de Samoa, que com o aumento do nível do mar, será engolida pelas águas.
Está na hora de começar a agir, se não perderemos o nosso lar, o chão onde pisamos. E não com a redução de emissão de CO2 no ar, mas sim com atitude, onde muitos se perguntam “Efeito estufa: e eu com isso?”. Mesmo que com o menor gesto, nós seres humanos devemos respeitar a nossa Terra e ajudar como pudermos, reciclando, diminuindo o gasto de energia ou simplesmente plantando uma árvore.
Ainda há tempo, e como já dito pelo ex - vice – presidente dos EUA Al Gore, “cada um de nós é a causa[...]mas cada um de nós pode ser a solução.”

Momento Charge

Essa está sendo a grande realidade do nosso país hoje em dia. Enquanto milhares de jovens levantam cedo de suas camas para ir ao colégio, acabam se deparando com a ausência de muitos. Falta de interesse, falta de paciência com os alunos, enfim, algo precisa ser feito com urgência com a nossa educação, pois não há progresso sem mestres.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Selva Urbana

Saindo de manhã, do conforto do meu lar, para mais uma briga contra o hoje e o destino. Mal se vê o Sol no horizonte, mas já se sente parte de seu calor. Tomo impulso, respiro fundo e saio em meio à selva. Em meio a um terreno irregular e cheio de vais e vens, com várias placas em paralelepípedo, sigo meu caminho em direção ao meu transporte, uma enorme gôndola amarela, com duas lanternas reluzentes, que segue o fluxo do enorme rio negro.
Durante o trajeto, encontro deslizes e obstáculos, os quais a gôndola atravessa com certa dificuldade, ameaçando encalhar. Fazemos uma parada e então trocamos de veículo, agora vou pelo subsolo, viajando sobre uma enorme serpente gigante, de quase um quilometro de comprimento e com dois metros de altura. Com escamas prateadas e sólidas, atravesso desde estalagmites e estalactites, até grandes minas de ferro.
Ela corre rápida, derrubando o que há na frente, trepidando e rangendo, sem mover os enormes olhos amarelos, fixos e brilhantes. Esforço-me para descer no meu destino, agarrando em enormes cipós e galhos que encontro no local. Estou quase no meu destino, agora me encontro em uma enorme caverna, onde quase não há luz, e se vê os mais diferentes tipos de insetos que pode imaginar.
Escalo uma enorme coluna de rochas, todas bem sobrepostas, quase que encaixadas, formando uma espécie de escada que, dependo dos movimentos, podia desabar. Em meio à caverna, ainda encontro desenhos e pinturas rupestres, semelhantes a mapas e caçadas, algo incrivelmente interessante.
Depois de tudo, chego ao meu destino, para depois ter de enfrentar novamente todos esses mesmos obstáculos e baarreiras, mas mesmo assim, eu sobrevivo.

quinta-feira, 22 de março de 2012


Era tarde, Maria lavava a louça enquanto Claudio subia para o quarto, para fazer a lição de casa. Tudo parecia bem enfim, pois o único filho de Maria, com seus apenas 10 anos, já havia tido vários problemas, desde o nascimento, passando por coisas que nenhuma criança deveria passar.
Claudio morava em São Paulo, no Jabaquara. Sua mãe era dona de casa e seu pai, Arnaldo, trabalhava na gerência de uma grande empresa. Todos viviam muito bem, um dia atrás do outro, sem muitas preocupações. Até que, um dia Claudio foi fazer um exame de rotina e acabou descobrindo a existência de um enorme tumor no estômago.
Angustiados e com medo de que o menino foi sofrer com mais uma doença, Maria e Arnaldo fizeram de tudo para tratar o problema. Passavam noites em claro, apenas observando o filho dormir, com toda aquela juventude e sofrimento, para que nada de mal lhe acontece.
O garoto seguiu tratando do tumor, durante um mês, mas em certo dia, Claudio sofreu de uma piora repentina, onde de acordo com o médico, a única alternativa era um transplante de estômago. 
Com o coração a mil e os dedos cruzados, o garoto seguiu para a cirurgia de alto risco.
Depois de cinco horas de cirurgia, o médico desceu da UTI e notificou que a operação tinha sido um sucesso. Entre lágrimas e sorrisos, os pais de Claudio se abraçaram e agradeceram com toda sua gratidão ao cirurgião, que em seguida comentou:
- Vou subir agora para reanimar o Claudio, e depois, quando ele já estiver acordado, eu desço novamente. Já volto. E então subiu.
Mas depois disso, o nervosismo e o desespero voltaram a aparecer, pois o médico não voltava da UTI. Depois de quase vinte minutos, ele apareceu com uma expressão facial de agonia e então indagou:
- Seu filho não quer mais acordar. Senhor, senhora, o que podemos fazer é apenas rezar. E subiu novamente.
Dito isso, Maria correu para a capela do hospital, e lá se pôs a rezar com todas as fibras do seu ser. Ela estava só na capela, rezando, quando ouviu uma voz vinda do altar:
- Acalme-se Maria, que eu mesmo irei me encarregar de ajudar seu filho. Depois disto, ela se levantou e voltou para junto do marido.
Quando chegou ao saguão do hospital, lá estava o médico, contando para os pais o que aconteceu:
- Tentamos de vários modos reanimar o seu filho, mas nada deu certo. Quando estávamos quase desistindo, um médico no fundo da sala gritou “Porque pararam de tentar, façam de novo.” Fizemos mais uma tentativa, e o garoto respondeu.
Dito isso, tudo foi festa, com as preces de Maria atendidas. Ela foi ao quarto visitar o filho, que estava dormindo.  Alguns dias depois do incidente, ela voltou ao hospital para agradecer ao médico que incentivou os outros a tentar novamente reanimar o filho.
Só que ninguém sabe onde ele está, ninguém sabe quem era e nenhum dos outros médicos conhecia ele.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Brilho das Estrelas


Por que as estrelas brilham tanto? Acho que todo mundo já se perguntou isso olhando para nossa casa, o belo firmamento. Sim, quem está falando é uma estrela. Meu nome é Evangeline, moro no sistema Solar, perto de Urano, e irei explicar a vocês o porquê do brilho das estrelas.
Nós estrelas, bem antigamente, vivíamos apagadas, quietas, no nosso canto, apenas apreciando a dança dos planetas ao redor do Sol. Não acontecia muita coisa, Saturno brincava de bambolê com seus anéis, Júpiter viva dormindo e Mercúrio estava sempre de cabeça quente.
Um dia qualquer, pacato como sempre, quando vi um cometa, com uma longa calda, prateada e cintilante, vagando pelo espaço. Fiquei encantada e decidi conhece-lo melhor. Apresentei-me, e começamos a conversar. Seu nome era Halley, adorava viajar pelo espaço e conhecer os mais diferentes tipos de astros que existem. Não pude esconder, foi amor à primeira vista.
Para meu espanto e alegria, ele se declarou para mim e eu, mais feliz do que nunca, tinha um novo companheiro para minha vida. Mas um dia ele me contou que não poderia ficar ali, ao seu lado, o tempo todo, pois todos os cometas, não ficam em um lugar fixo como as estrelas.
E então ele partiu, com a promessa de que um dia ele voltaria para me visitar. Mas e se ele não me achasse, e se ele não me visse na escuridão gélida do espaço sideral. Foi aí que eu tive a brilhante ideia de começar a brilhar, para que o meu Halley pudesse me encontrar com facilidade.
E foi assim que tudo começou, logo outras estrelas encontraram os seus cometas e começaram a fazer o mesmo que eu, brilhar. E também é por isso que não há nada mais romântico e poético do que o brilho de um céu repleto de estrelas.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mania de “im”


Meu nome é Serafim
E adoro falar o “im”
Não sei de onde vim
Mas acho que é Mogi Mirim

Mas eu aqui não vim
Falar de mim
Vim falar do meu querubim
Ah, minha amada Jasmim.

Tem pele cor de marfim
Bochechas no tom de carmim
E seus olhos brilham assim
Como um céu de estrelas sem fim

Para ela, tudo é sim
Por ela banco o espadachim
Ela até fala latim
Inglês e mandarim

Andando estava eu assim
Meio devagar, chinfrim
Quando te vi no jardim
Fazendo pose de manequim
  
E lá fui eu, enfim
Quis dar a história um fim
E mesmo as pernas parecendo pudim
Lhe disse tim tim por tim tim

Ela não disse nem não nem sim
Mas ela era tão importante para mim
Que por ela, parava de falar o “im”
Dito isso, ela se apaixonou por mim
FIM

domingo, 11 de março de 2012

Coração


Por volta dos anos 80, era tempo de reforma, com o fim da ditadura o reinicio da democracia. Mas eu não vim aqui falar de política, vim falar da história de Renato.
Renato na época era uma criança comum, vivendo com os pais, Helena e Rogério, quem sempre respeitava e dava todo seu carinho. Frequentava a escola, tinha vários amigos e adorava ficar com eles, onde desfrutava da maior dádiva que existe para a criança, a diversão. Ele era uma criança feliz, espontânea e que sonhava em ser um médico como seu pai.
Mas havia uma brecha em todo esse conto de fadas. Seu pai, Rogério, estava sempre ocupado com sua profissão, sendo um médico clínico geral, até mesmo em domingos e feriados, e acabava se esquecendo de sua família. Renato, que já não era tão ingênuo com seus 10 anos, começou a se questionar se o seu pai realmente o amava. Para o menino foi muito frustrante em sua festa de aniversário de 11 anos, reunido com todos seus amigos e familiares, ver seu pai ter que sair para trabalhar. O tempo passou, o garoto engoliu a mágoa e continuou sua vida rotineira, quando alguns dias depois da festa, Helena e Rogério são chamados com urgência no colégio.
Renato estava pálido, suando frio e reclamava de dores no peito, deixando seus pais extremamente preocupados. Seguiram para o hospital, o garoto passou por uma série de exames e testes e, depois de certo tempo, descobriram a causa de tudo, Renato sofria de uma disfunção cardíaca.
Ao saber disso, Helena caiu em prantos e Rogério ficou sem reação, vendo seu único filho ali, em um leito de hospital, sofrendo como um condenado e sobrevivendo apenas de fé e esperança. O pai no mesmo instante pegou seu jaleco, e disse que ele próprio iria fazer o tratamento de seu filho.
Passada uma semana, e Renato só piorava, e Rogério já não sabia mais o que fazer. O menino foi examinado por um especialista e mais uma bomba caiu nas mãos de Helena e Rogério, a única forma de Renato sobreviver era com um transplante, e este teria que ser feito em no máximo 24 horas, ou se não o único caminho que Renato poderia seguir era o da morte. Foi nessa hora em que o desespero consumiu a sala, evaporando as últimas esperanças dos pais de salvar, seu filho.
Helena perdeu os sentidos, e Rogério se pôs a chorar, um choro que doía desde o corpo até a alma. O menino dormia tranquilo nem imaginando o que se passava naquele quarto. Foi quando repentinamente Rogério se recompôs, respirou fundo, beijou sua esposa e seu filho e disse apenas uma palavra:
- Adeus.
Então saiu da sala seguido de seu assistente. Helena pensou em segui-lo, mas algo dentro dela disse para permanecer no quarto. Então se pôs a rezar, com toda sua fé e coração, para que algum milagre acontecesse. Meia hora depois surge apenas o assistente, e informa a mãe:
- Encontramos um coração para seu filho.
Helena ficou parada, sem esboçar reação; então levantou, beijou a testa do filho e sussurrou que agora tudo iria ficar bem.  Levaram Renato para a sala de cirurgia.
Depois de quatro horas de espera, surge o cirurgião e notifica que a cirurgia foi um sucesso e que o garoto passava bem. A mãe se acalmara, agradeceu o médico e foi atrás de seu marido para dar a notícia. No meio do corredor encontrou seu assistente, e lhe perguntou:
- Onde meu marido se encontra? O rapaz abaixou a cabeça e com muita dificuldade falou.
- Seu marido não está mais entre nós. Era ele o doador do coração. Mais uma vez Helena caiu em prantos, mas no fundo estava feliz, com a prova de amor do marido.
Passado alguns meses, Renato já estava cem por cento. Ele e sua mãe não tiveram mais nenhum problema, e agora ele sabe o quanto era grande o amor do seu pai por ele.
Hoje Renato é um cardiologista, não só por ter se apaixonado pela profissão, mas também para lembrar o que um pai é capaz de fazer por seu filho.

sábado, 10 de março de 2012

Programa J.O.V.E.N.S.


Parecemos programas de computador, seguindo sempre aquela mesma rotina, com suas regras e normas pré-estabelecidas. Com limitações e deveres, aceitamos tranquilamente adaptações que o sistema nos faz, com um único clique. O jovem está mudado, vivendo o politicamente correto, com preguiça de encarar olho no olho o problema. Devíamos nos espelhar nos nossos precursores, Renato Russo, a última grande voz de protesto; Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil , que enfrentaram cães e cassetetes pelo fim da opressão e da ditadura, saindo às ruas e dando a cara só pela liberdade de expressão do povo.
Mas os tempos mudaram, nós jovens já não somos cidadãos, votamos por obrigação e não por vontade, e muitas vezes nem pensamos naquilo que estamos fazendo, desonrando aqueles que um dia lutaram pela justiça. Não é porque acabou a ditadura, que tudo está um paraíso, ainda há corrupção, roubos, assassinatos e desigualdades nesse país que ainda intitulamos como “Abençoado por Deus”.
O jovem precisa ter mais atitude, parar com a mesmice e de ter o pensamento de que “enquanto não incomoda está tudo bem”, parar de ficar de braços cruzados e reagir a todo esse “capitalismo selvagem”, e mostrar que se nos unirmos, mandamos no país e controlamos o mundo, com nossas ideias malucas e pensamentos geniais, ditamos as regras e fazemos acontecer, do nosso jeito e formato.
Somos o futuro, o consumismo, a realidade, somos o que quisermos, e temos o poder de mudar o mundo, e é justamente por isso que temos que deixar de ser um simples programa, temos que reclamar, mostrar, reivindicar o que é de nosso direito, pois um dia nossos pais vão se cansar e nós que iremos levar o mundo nas costas, e até lá esse fardo pode estar bem mais pesado. Vamos encher as ruas, sair de casa, cortar o mau pela raiz, e buscar a solução. A voz do povo é a voz de Deus, e o jovem é aquele que grita mais alto.