segunda-feira, 22 de outubro de 2012

10.000 quilômetros subterrâneos

Marco Antônio não anda mais de metrô. Você poderia pensar que é mais uma dessas desculpas fúteis ou infantis, como “o metrô vive cheio” ou “tenho muita classe para estar num lugar como esse”, onde realmente encontramos diversas criaturas bizarras, que tenho quase certeza que foram afetadas pela radiação, com formas estranhas e aromas, como posso dizer, exóticos.
O verdadeiro motivo pelo qual o nosso herói não anda mais de metro é que, ele sofreu um trauma. Ele partiu como em qualquer outro dia para a faculdade, com o habitual acompanhante, o sono. Ele tinha medo de encostar nas paredes ou no banco para descansar a vista, com medo de dormir e passar do seu ponto.
Foi o que aconteceu, a insônia dos dias passados já não existia mais, e ele foi tomado pelos braços de Morfeu. O que veio depois foi épico.
Ocorreu que ele dormiu até o metrô chegar ao final da linha, mas ao invés de algum passageiro ou funcionário acordá-lo, o esqueceram lá e ele continuou dormindo no trem, viajando pelos trilhos. E esse ciclo se repetiu por dezessete vezes.
Quando parecia mais que Marco Antônio tinha entrado em coma do que tirando um cochilo, ele despertou. E o mais impressionante é que ele acordou no momento em que o metrô parou na estação onde ele havia embarcado as cinco e meia da manhã. Ele teve um surto, e na estação seguinte, desceu, e começou a berrar no meio da rua que ele havia sido abduzido por ETs e que eles o tinham feito avançar no tempo. 
Logo apareceram as televisões, que mostraram a sua história em rede nacional. Foi o assunto da semana. Mas o mistério acabou quando, ao verificarem as câmeras do metrô, descobriram a verdadeira história.
Ele largou a faculdade, e hoje ele ganha vida contando a sua história em programas da tarde.

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