quinta-feira, 22 de março de 2012


Era tarde, Maria lavava a louça enquanto Claudio subia para o quarto, para fazer a lição de casa. Tudo parecia bem enfim, pois o único filho de Maria, com seus apenas 10 anos, já havia tido vários problemas, desde o nascimento, passando por coisas que nenhuma criança deveria passar.
Claudio morava em São Paulo, no Jabaquara. Sua mãe era dona de casa e seu pai, Arnaldo, trabalhava na gerência de uma grande empresa. Todos viviam muito bem, um dia atrás do outro, sem muitas preocupações. Até que, um dia Claudio foi fazer um exame de rotina e acabou descobrindo a existência de um enorme tumor no estômago.
Angustiados e com medo de que o menino foi sofrer com mais uma doença, Maria e Arnaldo fizeram de tudo para tratar o problema. Passavam noites em claro, apenas observando o filho dormir, com toda aquela juventude e sofrimento, para que nada de mal lhe acontece.
O garoto seguiu tratando do tumor, durante um mês, mas em certo dia, Claudio sofreu de uma piora repentina, onde de acordo com o médico, a única alternativa era um transplante de estômago. 
Com o coração a mil e os dedos cruzados, o garoto seguiu para a cirurgia de alto risco.
Depois de cinco horas de cirurgia, o médico desceu da UTI e notificou que a operação tinha sido um sucesso. Entre lágrimas e sorrisos, os pais de Claudio se abraçaram e agradeceram com toda sua gratidão ao cirurgião, que em seguida comentou:
- Vou subir agora para reanimar o Claudio, e depois, quando ele já estiver acordado, eu desço novamente. Já volto. E então subiu.
Mas depois disso, o nervosismo e o desespero voltaram a aparecer, pois o médico não voltava da UTI. Depois de quase vinte minutos, ele apareceu com uma expressão facial de agonia e então indagou:
- Seu filho não quer mais acordar. Senhor, senhora, o que podemos fazer é apenas rezar. E subiu novamente.
Dito isso, Maria correu para a capela do hospital, e lá se pôs a rezar com todas as fibras do seu ser. Ela estava só na capela, rezando, quando ouviu uma voz vinda do altar:
- Acalme-se Maria, que eu mesmo irei me encarregar de ajudar seu filho. Depois disto, ela se levantou e voltou para junto do marido.
Quando chegou ao saguão do hospital, lá estava o médico, contando para os pais o que aconteceu:
- Tentamos de vários modos reanimar o seu filho, mas nada deu certo. Quando estávamos quase desistindo, um médico no fundo da sala gritou “Porque pararam de tentar, façam de novo.” Fizemos mais uma tentativa, e o garoto respondeu.
Dito isso, tudo foi festa, com as preces de Maria atendidas. Ela foi ao quarto visitar o filho, que estava dormindo.  Alguns dias depois do incidente, ela voltou ao hospital para agradecer ao médico que incentivou os outros a tentar novamente reanimar o filho.
Só que ninguém sabe onde ele está, ninguém sabe quem era e nenhum dos outros médicos conhecia ele.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Brilho das Estrelas


Por que as estrelas brilham tanto? Acho que todo mundo já se perguntou isso olhando para nossa casa, o belo firmamento. Sim, quem está falando é uma estrela. Meu nome é Evangeline, moro no sistema Solar, perto de Urano, e irei explicar a vocês o porquê do brilho das estrelas.
Nós estrelas, bem antigamente, vivíamos apagadas, quietas, no nosso canto, apenas apreciando a dança dos planetas ao redor do Sol. Não acontecia muita coisa, Saturno brincava de bambolê com seus anéis, Júpiter viva dormindo e Mercúrio estava sempre de cabeça quente.
Um dia qualquer, pacato como sempre, quando vi um cometa, com uma longa calda, prateada e cintilante, vagando pelo espaço. Fiquei encantada e decidi conhece-lo melhor. Apresentei-me, e começamos a conversar. Seu nome era Halley, adorava viajar pelo espaço e conhecer os mais diferentes tipos de astros que existem. Não pude esconder, foi amor à primeira vista.
Para meu espanto e alegria, ele se declarou para mim e eu, mais feliz do que nunca, tinha um novo companheiro para minha vida. Mas um dia ele me contou que não poderia ficar ali, ao seu lado, o tempo todo, pois todos os cometas, não ficam em um lugar fixo como as estrelas.
E então ele partiu, com a promessa de que um dia ele voltaria para me visitar. Mas e se ele não me achasse, e se ele não me visse na escuridão gélida do espaço sideral. Foi aí que eu tive a brilhante ideia de começar a brilhar, para que o meu Halley pudesse me encontrar com facilidade.
E foi assim que tudo começou, logo outras estrelas encontraram os seus cometas e começaram a fazer o mesmo que eu, brilhar. E também é por isso que não há nada mais romântico e poético do que o brilho de um céu repleto de estrelas.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mania de “im”


Meu nome é Serafim
E adoro falar o “im”
Não sei de onde vim
Mas acho que é Mogi Mirim

Mas eu aqui não vim
Falar de mim
Vim falar do meu querubim
Ah, minha amada Jasmim.

Tem pele cor de marfim
Bochechas no tom de carmim
E seus olhos brilham assim
Como um céu de estrelas sem fim

Para ela, tudo é sim
Por ela banco o espadachim
Ela até fala latim
Inglês e mandarim

Andando estava eu assim
Meio devagar, chinfrim
Quando te vi no jardim
Fazendo pose de manequim
  
E lá fui eu, enfim
Quis dar a história um fim
E mesmo as pernas parecendo pudim
Lhe disse tim tim por tim tim

Ela não disse nem não nem sim
Mas ela era tão importante para mim
Que por ela, parava de falar o “im”
Dito isso, ela se apaixonou por mim
FIM

domingo, 11 de março de 2012

Coração


Por volta dos anos 80, era tempo de reforma, com o fim da ditadura o reinicio da democracia. Mas eu não vim aqui falar de política, vim falar da história de Renato.
Renato na época era uma criança comum, vivendo com os pais, Helena e Rogério, quem sempre respeitava e dava todo seu carinho. Frequentava a escola, tinha vários amigos e adorava ficar com eles, onde desfrutava da maior dádiva que existe para a criança, a diversão. Ele era uma criança feliz, espontânea e que sonhava em ser um médico como seu pai.
Mas havia uma brecha em todo esse conto de fadas. Seu pai, Rogério, estava sempre ocupado com sua profissão, sendo um médico clínico geral, até mesmo em domingos e feriados, e acabava se esquecendo de sua família. Renato, que já não era tão ingênuo com seus 10 anos, começou a se questionar se o seu pai realmente o amava. Para o menino foi muito frustrante em sua festa de aniversário de 11 anos, reunido com todos seus amigos e familiares, ver seu pai ter que sair para trabalhar. O tempo passou, o garoto engoliu a mágoa e continuou sua vida rotineira, quando alguns dias depois da festa, Helena e Rogério são chamados com urgência no colégio.
Renato estava pálido, suando frio e reclamava de dores no peito, deixando seus pais extremamente preocupados. Seguiram para o hospital, o garoto passou por uma série de exames e testes e, depois de certo tempo, descobriram a causa de tudo, Renato sofria de uma disfunção cardíaca.
Ao saber disso, Helena caiu em prantos e Rogério ficou sem reação, vendo seu único filho ali, em um leito de hospital, sofrendo como um condenado e sobrevivendo apenas de fé e esperança. O pai no mesmo instante pegou seu jaleco, e disse que ele próprio iria fazer o tratamento de seu filho.
Passada uma semana, e Renato só piorava, e Rogério já não sabia mais o que fazer. O menino foi examinado por um especialista e mais uma bomba caiu nas mãos de Helena e Rogério, a única forma de Renato sobreviver era com um transplante, e este teria que ser feito em no máximo 24 horas, ou se não o único caminho que Renato poderia seguir era o da morte. Foi nessa hora em que o desespero consumiu a sala, evaporando as últimas esperanças dos pais de salvar, seu filho.
Helena perdeu os sentidos, e Rogério se pôs a chorar, um choro que doía desde o corpo até a alma. O menino dormia tranquilo nem imaginando o que se passava naquele quarto. Foi quando repentinamente Rogério se recompôs, respirou fundo, beijou sua esposa e seu filho e disse apenas uma palavra:
- Adeus.
Então saiu da sala seguido de seu assistente. Helena pensou em segui-lo, mas algo dentro dela disse para permanecer no quarto. Então se pôs a rezar, com toda sua fé e coração, para que algum milagre acontecesse. Meia hora depois surge apenas o assistente, e informa a mãe:
- Encontramos um coração para seu filho.
Helena ficou parada, sem esboçar reação; então levantou, beijou a testa do filho e sussurrou que agora tudo iria ficar bem.  Levaram Renato para a sala de cirurgia.
Depois de quatro horas de espera, surge o cirurgião e notifica que a cirurgia foi um sucesso e que o garoto passava bem. A mãe se acalmara, agradeceu o médico e foi atrás de seu marido para dar a notícia. No meio do corredor encontrou seu assistente, e lhe perguntou:
- Onde meu marido se encontra? O rapaz abaixou a cabeça e com muita dificuldade falou.
- Seu marido não está mais entre nós. Era ele o doador do coração. Mais uma vez Helena caiu em prantos, mas no fundo estava feliz, com a prova de amor do marido.
Passado alguns meses, Renato já estava cem por cento. Ele e sua mãe não tiveram mais nenhum problema, e agora ele sabe o quanto era grande o amor do seu pai por ele.
Hoje Renato é um cardiologista, não só por ter se apaixonado pela profissão, mas também para lembrar o que um pai é capaz de fazer por seu filho.

sábado, 10 de março de 2012

Programa J.O.V.E.N.S.


Parecemos programas de computador, seguindo sempre aquela mesma rotina, com suas regras e normas pré-estabelecidas. Com limitações e deveres, aceitamos tranquilamente adaptações que o sistema nos faz, com um único clique. O jovem está mudado, vivendo o politicamente correto, com preguiça de encarar olho no olho o problema. Devíamos nos espelhar nos nossos precursores, Renato Russo, a última grande voz de protesto; Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil , que enfrentaram cães e cassetetes pelo fim da opressão e da ditadura, saindo às ruas e dando a cara só pela liberdade de expressão do povo.
Mas os tempos mudaram, nós jovens já não somos cidadãos, votamos por obrigação e não por vontade, e muitas vezes nem pensamos naquilo que estamos fazendo, desonrando aqueles que um dia lutaram pela justiça. Não é porque acabou a ditadura, que tudo está um paraíso, ainda há corrupção, roubos, assassinatos e desigualdades nesse país que ainda intitulamos como “Abençoado por Deus”.
O jovem precisa ter mais atitude, parar com a mesmice e de ter o pensamento de que “enquanto não incomoda está tudo bem”, parar de ficar de braços cruzados e reagir a todo esse “capitalismo selvagem”, e mostrar que se nos unirmos, mandamos no país e controlamos o mundo, com nossas ideias malucas e pensamentos geniais, ditamos as regras e fazemos acontecer, do nosso jeito e formato.
Somos o futuro, o consumismo, a realidade, somos o que quisermos, e temos o poder de mudar o mundo, e é justamente por isso que temos que deixar de ser um simples programa, temos que reclamar, mostrar, reivindicar o que é de nosso direito, pois um dia nossos pais vão se cansar e nós que iremos levar o mundo nas costas, e até lá esse fardo pode estar bem mais pesado. Vamos encher as ruas, sair de casa, cortar o mau pela raiz, e buscar a solução. A voz do povo é a voz de Deus, e o jovem é aquele que grita mais alto.